O CONTAR ESTÓRIAS….

Você precisa conhecer o novo site, já lançado: www.estoriasdiferentes.com.br . Áreas para jovens, estórias paras as crianças, dicas, informações para cuidadores, familiares e educadores. GUIA PROFISSIONAL, vale a pena conferir!

Se há uma memória que ainda tenho muito viva da infância, são as histórias que meu pai contava à noite, dando boas vindas ao sono. Histórias que me transportavam para um mundo encantado de fadas e duendes – onde só havia luz e alegria; e que  acalmavam meus medos internos.

Na minha juventude, todas as vezes que tive que lidar com meus dragões interiores – voltagens desconexas de alegrias purpurinas  e pavores paralisantes, a lembrança daquelas histórias me pacificavam.

Mas chegou um tempo em que só aquelas lembranças não bastaram. Os dragões tomaram conta e a luta foi insana em um caminho intenso e dolorido. E na maioria das vezes, nada justo.

A licença poética de colocar dragões nos jardins da minha alma, não eliminaram a necessidade de um tratamento psiquiátrico constante e cuidadoso. E se hoje consegui acertar o compasso foi por conhecer esses tais dragões – sintomas e crises – e superar a velha lamúria de ter medo das medicações psiquiátricas.

Todo bipolar é purpurina, carne viva nas suas emoções. Tudo é intenso. Até o outro polo – profundamente  fatídico e paralisante. Encontrar  atendimento médico especializado e medicações estabilizadoras adequadas são o primeiro passo na busca por qualidade de vida.

O segundo ato imediato é o conhecimento. Cada dragão é  único. Conhecer  o tipo de couro, asa; a intensidade do fogo, ou a força da sua cauda, nos permite transitar pela voltagem de altos e baixos das crises bipolares.

Compartilhar esta experiência, colaborar no entendimento destes dragões internos, é um ato solidário e cidadão. Permitir esta compreensão nas crianças – duplamente confusas pela sua própria idade é amor fraterno.

Tornar mais suave o caminho destas crianças – portadoras de transtorno do humor, bipolares ou depressivas – é um desafio. Há que se romper com o lamento sobre a doença e iluminar através da expressão artística as dificuldades. E  lembrando aqueles momentos tão significativos das histórias da minha infância que suavizavam as instabilidades e os medos presentes, que hoje conto ESTÓRIAS DIFERENTES para pequenos iguais.

Sou mãe de muitos filhos e avó de outros tantos, contadora de estórias !

Cristina Oliveira